Instantes depois, Val, totalmente descabelada, se levantava, fugindo das travesseiradas e corria para a porta. Alguém batia na porta, mas elas não iriam atender. Val não agüentava mais os toc-toc e então, resolveu abrir. Marcus estava parado na frente da porta, só com uma calça cargo, sem blusa. Celly e Bel continuavam jogando travesseiros e não deram bola, na verdade, nem se deram conta de que ele estava ali. Val olhando aquele homem, sem camisa e só de calça cargo, o empurrou para fora do quarto espalmando sua mão em seu peito e fechou a porta. Ela ficou do lado de fora.
- Que diabos você está fazendo aqui – ela deu uma olhada nele e engoliu em seco – desse jeito?
- É que eu queria saber se eu podia pegar uma camiseta de um dos garotos emprestada, ainda não chegaram minhas coisas.
- E porque diabos você está pedindo isso pra mim? Pede pra eles!
- Mas é que eles saíram derepente e não me disseram pra onde.
- E por que você está sem a camisa?
- Porque eu queria fazer o almoço e eu me sujei de molho, o vidro estava mal fechado e caiu e eu me sujei. E eu não sei porque estou lhe dando satisfações.
- Porque garoto – Val foi em direção dele – a chefe aqui sou eu e você me deve explicação de tudo. Eu devo saber de tudo o que está acontecendo com  a minha equipe, desde uma dor de barriga até a última missão. Assim, eu sei como todos estão indo, posso avaliar quais missoões podem fazer e se estão tendo progressos, além do mais, eu me preocupo com todos.
- Até comigo?
- É. Até com você já que você é da equipe. Se você quiser continuar, vai ter que se acostumar com o meu jeito... se não quiser... a porta é a serventia da casa.
- Tudo bem, tudo bem! Você é mais agressiva do que os relatórios dizem.
- Querido – Val estava sendo sarcástica – os relatórios não dizem um milésimo do que eu sou. Eles só dizem o que eu quero que os outros saibam. É que eu gosto de ser imprevisível. Olha, espero que depois de você ter quebrado o vidro de molho, pelo menos faça uma comida que preste. Faz macarrão com molho, algumas almôndegas, arroz, salada e um suco de maracujá.
- Ta me achando com cara de gourmet?
- Você deve pagar a hospedagem, babe! – Val olhou para ele e sorriu maliciosamente, depois, deu meia volta e voltou pro quarto. Ele pode escutar quando ela falou com as garotas – meninas, o Marcus  vai fazer a gororoba! Preparem o remédio pro estômago!
- Eu ainda dou uma lição nessa garota – ele disse, em voz baixa, para que Val não o escutasse.
 

Depois que fechou a porta, Val voltou para a guerra de travesseiros. O quarto era  bem espaçoso e elas se divertiam e treinavam ao mesmo tempo. Quando estava chovendo e elas não tinham mais nada para fazer, elas se trancavam no quarto e  começavam a  treinar. O treinamento consistia em fugir das travesseiradas do oponente. Se era pego,virava o atirador. Depois elas contavam quem errara menos e quem errasse mais. Quem errasse mais teria que se submeter a uma prova imposta pelas vencedoras. Dessa vez, Bel perdera, e quando Celly ia dizer o seu castigo, Val disse antes.
- Você vai ter que passar a mão no peito do Marcus. Ele ta sem camisa e seria uma boa coisa pra vermos a Bel fazer
- O Marcus ta sem camisa?
- Ta sim, Celly
- Ah não! Essa eu tenho que ver!
- Eu não vou passar a mão nele!
- Ah, vai sim! Ou você pensa que eu me esqueci da vez em que vocês fizeram eu descer do elevador só de sutiã e calcinha?
- Val, aquilo, você já fez dezenas de vezes!
- Ta Celly, mas não num dia em que quase estava nevando. Além do mais, não tinha nenhum  gatinho que me ofereceu o casaco, como das outras vezes – Val fez beicinho.
- Malina! – berraram as duas
- Hehehe – ela apenas deu uma risadinha – eu ainda não dei a camisa pro Marcus. Eu não sei.. algo me dizia que seria melhor ele sem camisa...

Val não precisou falar mais nada. Se levantou abriu a porta e fez um sinal para Celly ela se levantou e foi até ela. Como Bel se recusava a se levantar, as duas a pegaram pelo braço e a levaram até a cozinha. Bel não sabia o que fazer e nem o que dizer e as duas ficaram pasmas quando viram o belo corpo de Marcus. Val as tirou do transe, na hora em que falou com Marcus.
- Você é a experiência do dia – ela disse – fizemos uma aposta a Bel perdeu e agora ela vai ter que passar a mão no seu peito sem camisa – vendo o olhar de Marcus, ela se aproximou e disse em seu ouvido – não recuse, eu sei muito bem o que você pensa da Bel. É uma boa oportunidade...
- Eu não vou Val! O Marcus não vai querer, não é?? – Bel esperava que Marcus a apoiasse , mas o ruivinho ( ele era ruivo ta?) não o fez.
- Se você perdeu e fez uma aposta, você deve pagar. Eu estou bem aqui . não se preocupe, eu não mordo ... na maioria das vezes
- Olha Bel, você que não reclamava que não conseguia um namorado...
- Pô  Celly, não avacalha pô ! não é assim, eu mal conheci ele...
- Mas vai ter um bom tempo pra conhecer – interveio Val
- Vai pagar, ou não não vai? – perguntou Celly
- Vocês me metem em cada uma!!! – Bel reclamou.

Como Bel não dava nenhum passo, Marcus se aproximou. Ele pegou a mão dela e a colocou em seu peito, o que a fez estremecer. Val e Celly começaram a rir em um canto, mas a um olhar de Marcus, saíram do recinto. Marcus soltou a mão de Bel, que não tirou a mão de seu peito. O clima esquentava e os dois estavam quase se beijando quando Kyle entrou na cozinha!
- Trouxe a maçã pra torta Val !!! – ele parou ao ver os dois nas cozinha. Deu  meia volta e foi empurrando Brendan que também entrava na cozinha – Oops! Saída pela direita!
- O que está acontecendo? – perguntou Brendan, enquanto saía empurrado por Kyle.
- Nada não. Vamos atrás das meninas..
- Kyle...
- To mandando porra! Sou teu superior.. me obedece...
- Superior??
- É. Vem não!

Como sempre, os dois continuaram discutindo. Na cozinha Bel já havia sentado em uma cadeira. A entrada repentina de Kyle havia quebrado o clima que se formara naquele momento. Marcus terminou de mexer  o molho, enxugou suas mãos em um pano e se sentou de frente para Bel .
Bel apenas o encarou. Ficava pensando enquanto olhava para ele . ele era tão parecido com o homem que amara, que por momentos a imagem dos dois se fundia em sua memória. Ela não podia negar que estava realmente atraída pelo novo parceiro. Mas ela não queria dar o braço a torcer e não iria seguir os conselhos de suas amigas. Sabia que elas queriam apenas o melhor para ela, mas ela não sabiam o que se passava em seu coração.
Marcus continuava olhando para aquela jovem morena em sua frente. Não podia negar que ela era muito atraente. Mas tinha algo nela que lhe chamava a atenção, e muito. Ele sabia que poderia ter qualquer mulher que quisesse, mas ele não queria qualquer uma, ele queria ela. Não sabia o que aquela mulher tinha que o atraíra  tanto.  Naquele momento a única coisa que ele conseguia fazer, era olhar para ela, olhar para aqueles belos olhos castanhos, para aqueles cabelos castanho escuros e mergulhar no sorriso que ela acabara de lhe dar.
Mergulhado em pensamentos, Marcus não percebera que o molho estava queimando e nem mesmo Bel conseguira se livrar do transe. Quem os tirou daquele momento foi Brendan, que chegou na cozinha e desligou o molho.
- Vocês dois não perceberam que estava queimando? – ele perguntou para os dois. Ninguém respondeu – ei! Vocês estão me ouvindo? – vendo que nenhum deles se mexia, Brendan deu um tapa na mesa – que merda aconteceu com vocês?
- BJ! Isso é jeito de se fazer notar?
- Bel! Acorda mulher! O molho estava queimando e vocês dois estavam olhando um para o outro como dois idiotas!!! O que aconteceu?
- Nada não, Brendan – Marcus disse – estávamos vendo quem ficava mais tempo encarando o outro sem piscar. Desculpe pelo molho. Já faço outro.
- Que brincadeira mais idiota! – Brendan saiu da cozinha rindo da criancice dos dois. Bel olhou para Marcus e sorriu.
- Boa saída – e se levantou e foi conversar com suas amigas, que estavam na sala. Marcus jogou o molho fora e foi fazer um novo. Mas não se esquecia daqueles olhos castanhos e daquele sorriso angelical da garota que acabara de roubar seu coração.

Celly e Val conversavam na sala quando Brendan chegou rindo.
- vocês acreditam no que estava acontecendo na cozinha?
- Mmm – Val começou – Bel e Marcus fazendo sexo selvagem em cima do macarrão?
- Mente suja! Fala Brendan.
- O Marcus estava deixando o molho queimar, porque ele e a Bel estavam brincando de quem conseguia encarar o outro mais tempo sem piscar.
- Brendan – Val disse se aproximando dele – você bateu com a cabeça, ou algo assim?
- É, pra acreditar que estavam mesmo se encarando..
- Até tu Celly?
- Mas é verdade, Brendan. No mínimo aqueles dois estavam se encarando. Afinal os dois não podem negar que estão interessados um pelo outro! – Celly falou.
- E aí, meninas, alguma novidade? – perguntou Bel, chegando da cozinha nessa hora
- Nada não, miga. Eu , a Celly e o Brendan estávamos comentando que ser comida antes de comer abre ainda mais o apetite – disse Val com um sorriso pra lá de malicioso
- Não aconteceu nada na cozinha – Bel começou a se explicar – nada além do molho queimado. Meninas, preciso falar com vocês!
- Vamos indo pro antro de fofocas – Celly foi empurrando as duas para o quarto de Bel . quando entraram, ela fechou a porta e olhou para Bel – pronto. Estamos salvas – ela disse, se sentando ao lado de Bel – agora menina, desembucha! Aconteceu mais coisa do que apenas um molho queimado... conta pra titia aqui.
- Bel, se você disser que tem macarrão ao molho branco ... – Val fez uma careta de nojo – eu tenho um ataque!
- Ai meninas, que safadas vocês são... não aconteceu nada  de mais. Quer dizer nada mesmo. Quando o clima estava ficando muito caliente, o Kyle apareceu e o clima foi embora.
- Ai eu pego ele! – disse Val se levantando
- Fica quieta aí, esquentadinha! – disse Bel, segurando o braço de Val e a fazendo se sentar novamente – não foi culpa dele, afinal, ele não sabia o que estava acontecendo na cozinha.
- Mas então você admite que sente algo por ele.
- Celly, eu seria burra se dissesse que não.
- Mas ele também não pôde esconder que também está atraído por você.
- A Val tem razão, Bel.
- É eu sei, mas eu não quero apressar as coisas. Eu não queria parecer qualquer uma que se joga nos braços do primeiro que aparece.
- Então usa a tática das DT – gurls!! O cd!! – disse Val.
- Não entendi.
- Cu doce!!! – berraram as duas e começaram a jogar travesseiros umas nas outras.
- Suas doidas!!!!!

Derepente, alguém bateu na porta. Imediatamente elas pararam. Celly se levantou e foi ver quem era, era Marcus, avisando que a comida estava pronta.
- não tem molho branco, tem?- perguntou Val quando passou por ele, com aquela cara de safada que ela as vezes fazia.
- Não, porque?
- Loiro! – disseram as três, rindo, indo para a cozinha.

Val passou pela sala e chamou os garotos. Kyle estava na sacada. Olhando para baixo.
- algo errado, Ky? – perguntou ela, ficando ao seu lado.
- Nada não, babe. Eu só estava pensando no que é o amor.
- Isso eu não posso te dizer.
- Tem certeza?
- Como assim?
- Você nunca mesmo se apaixonou? Digo de amar alguém mesmo?
- Não. – Val se sentou na borda. A maioria das pessoas nem passaria ali perto, mas ela parecia gostar de desafiar o perigo. Isso preocupava a todos que se importavam com ela. Quando Kyle olhou para ela, viu aquele olhar distante, de quando ela se lembrava de algo no seu passado.
- Val, não precisa mentir para mim. – ele disse – você não precisa me dizer que me ama, nada disso. Mas não precisa tentar me enganar, acima de tudo, somos amigos.
- Eu não sei, Ky. É que...
- Vocês vêm ou não comer? Ta esfriando!! – Celly disse, se aproximando dos dois
- Estamos indo ! – disse ela, indo em direção a cozinha. Kyle a segurou pelo braço.
- Não fuja ...
- Não estou fugindo
- Depois você me conta?
- Só se eu estiver com a barriga cheia.

Kyle a beijou e eles foram abraçados para a cozinha. Todos ficaram felizes ao vê-los juntos. Sabiam do amor incondicional que Kyle tinha por Val, se ela pedisse algo ele não temeria em faze-lo só para vê-la sorrir. Val já era diferente. Não escondia que gostava  de Kyle, que ele a atraía. Tanto que estavam juntos agora. Mas no fundo Celly sabia que Val ainda não esquecera o seu primeiro namorado, aquele que sempre a fazia sofrer. Nem Celly sabia quem era, Val prometera que um dia contaria. Confiava na prima, que era sua única companhia desde criança.
Estavam felizes por terem terminado o esquema de segurança do presidente. Apesar de parecer fácil a primeira vista, não o era. Afinal ele era o homem mais poderoso do planeta, o presidente do país que controla o mundo, que dita as ordens. Para fazer o esquema de segurança dele, foram utilizados quase 200 homens, entre a segurança na casa branca, na casa de campo, na residência oficial e no corpo-a-corpo, no qual, o DT não participava publicamente.
Umas das condições do DT era que ninguém aparecesse. Não que fosse obrigatório, mas todos concordavam que aparecer em público poderia estragar alguns planos. Todos os casos em que o DT se metia, tinham repercussão internacional, inclusive o trabalho que Val pegara. A máfia italiana continuava viva, apenas mudara de endereço.
Eles comeram e foram para a sala conversarem. Marcus queria limpar a cozinha, mas as garotas não deixaram, a empregada voltaria dali a algumas horas, já que ela estava de folga há quase 3 meses.
Conversavam animadamente. Bel propôs que eles saíssem juntos para que se conhecessem melhor ( c´mon bel! Sabemos muito bem o que você queria...) e eles toparam. Queriam ir no cinema. Estava numa boa temporada de filmes. As meninas foram para os quartos se arrumarem e os garotos as esperaram. Eles não se incomodavam muito com a aparência, e já tinham se arrumado quando foram procurar pelas maçãs que Val pedira. Marcus pegou uma camisa emprestada de Kyle, que era mais parecido com ele fisicamente. Para isso, tiveram que bater no quarto em que ele dividia com Val.
Kyle foi com Marcus até a porta do quarto. Bateram algumas vezes e ninguém atendeu. Quando estavam desistindo, Val abriu a porta.
 

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